ERA UMA VEZ O CINEMA


A Moça com a valise (1961)

cover A Moça com a valise

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País: Itália, 96 minutos

Título Original: La ragazza con la valigia

Diretor(s): Valerio Zurlini

Gênero(s): Drama, Romance

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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7.6/10 (1557 votos)

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Prêmio David di Donatello

Prêmio Carreira

Sinopse: A história começa com uma garota (Claudia Cardinale) sendo abandonada, de forma cruel, pelo amante. Depois de tirá-la do emprego com falsas promessas, o rapaz a larga numa oficina mecânica em uma cidade que ela mal conhece, com apenas uma mala e de carteira vazia. Aos poucos, vamos conhecê-la: é Aída, uma humilde bailarina, que cantava jazz numa banda e agora está sem trabalho, por causa do amante safado. Furiosa e infeliz, Aída está num beco sem saída.

A única pessoa que lhe dá atenção é Lorenzo (Jacques Perrin), jovem de 16 anos que ela conhece ao tentar encontrar o amante no endereço que ele lhe dera. Lorenzo é irmão do canalha, mas Aída não sabe disso. E ele também não diz nada, porque se apaixona perdidamente após trocar algumas palavras com ela.

“A Moça com a Valise” acompanha, com delicadeza, o desenvolvimento deste amor fadado à ruína. No nível narrativo, tudo é excepcional: o roteiro desenvolve os dois personagens com cor, profundidade, textura e nuances de realismo, enquanto o diálogo soa natural e espontâneo. O estilo de Zurlini favorece as ótimas interpretações do par central.

A mise-en-scéne é cuidadosamente planejada, com longas tomadas sem cortes, dentro das quais os personagens se movimentam de forma leve, transitando entre o primeiro e o segundo plano em belas composições. As transições entre as cenas são inteligentes e criativas; numa delas, a câmera focaliza a mão do rapaz pegando timidamente a da moça, cortando em seguida para a mão da tia dele o esbofeteando, quando ele chega em casa tarde da noite. A fotografia de Tino Santoni, aliás, captura lindamente os espaços vazios dos ambientes chiques, e trabalha de forma magnífica com o preto-e-branco, valorizando ainda mais as composições talhadas por Zurlini.

Apesar da temática próxima do melodrama, algo valorizado pela trilha sonora repleta de pérolas do cancioneiro italiano, a abordagem de Zurlini é delicada e cheia de sutilezas, sem ceder às tentações de julgar a moral dos personagens. Aliás, nenhum dos dois protagonistas conseguiria emplacar num filme de Hollywood, já que a relação entre eles se constrói, desde o primeiro momento, com base em mentiras e dissimulações. Lorenzo, é claro, mente compulsivamente para conseguir, a custo do dinheiro da família, se manter próximo a Aída. A mulher também não é má pessoa (nunca tenta se aproveitar da situação, por exemplo), mas também está longe de ser ingênua. Ela percebe o que está acontecendo, mas prefere calar. Por medo da pobreza iminente ou por se sentir finalmente amada, ela dá corda a Lorenzo. Pobres diabos.

Na verdade, a relação é regida pelo signo do desespero. Aída teme que a falta de opções profissionais a remeta de forma definitiva para o caminho da prostituição, algo que parece cada vez mais perto e inevitável. Já Lorenzo teme que a mulher mais velha lhe escape por entre os dedos, caso o dinheiro e os presentes parem de jorrar.

O drama de ambos explode numa noite glamourosa, em que o jovem apaixonado toma um porre enquanto vê a amada dançar de rosto colado com homens mais velhos do que ele. Zurlini, que usa close ups com economia, acentua a dor do momento – especialmente para o rapaz – contrapondo o rosto desesperado e meio bêbado do rapaz com o olhar aflito da mulher, ao som de uma canção que versa sobre as dores de um primeiro amor: “Nunca mais amarás alguém como agora”, diz a música. Belo e amargo, “A Moça com a Valise” é o tipo de filme que causa um impacto muito forte em qualquer pessoa que tenha vivido um primeiro amor intenso.

 

Elenco: