ERA UMA VEZ O CINEMA


Divórcio à Italiana (1961)

cover Divórcio à Italiana

link to Divórcio à Italiana on IMDb

País: Itália, 105 minutos

Título Original: Divorzio all'italiana

Diretor(s): Pietro Germi

Gênero(s): Drama, Comédia, Romance

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
star star star star star star star star star star
8.1/10 (10454 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

PRÊMIOS star star star star star

Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA

Oscar de Melhor Roteiro Original (Pietro Germi, Alfredo Giannetti, Ennio De Concini)

Prêmios Globo de Ouro, EUA

Prêmio de Melhor Ator em um Musical ou Comédia (Marcello Mastroianni)

Prêmio Samuel Goldwyn (Itália)

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Ator Estrangeiro (Marcello Mastroianni)

Festival Internacional de Cannes, França

Prêmio de Melhor Comédia (Pietro Germi)

Prêmios Globo D'Oro, Itália

Globo d'Oro de Melhor Filme (Pietro Germi)

Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália

Prêmio Fita de Prata de Melhor Ator (Marcello Mastroianni)

Prêmio Fita de Prata de Melhor Estória Original (Pietro Germi, Alfredo Giannetti, Ennio De Concini)

Prêmio Fita de Prata de Melhor Roteiro (Pietro Germi, Alfredo Giannetti, Ennio De Concini)

Sinopse: Divórcio à Italiana é gostoso, divertido – mas não chega a ser hilariante. Não. Na verdade, o filme de Pietro Germi é bastante amargo. Seu humor deixa um travo pesado no espectador. Nesse sentido, faz lembrar o tom de muitos dos filmes do gênio Billy Wilder. Germi, como Wilder, faz a gente rir da desgraça, da pequenez das pessoas.

Germi faz a gente rir amargamente daquela moral e daqueles costumes calhordas, babacas, imbecis, vigentes no Sul da Itália e especialmente na Sicília ainda na segunda metade do século XX, aquele machismo que só tem comparação com o de algumas sociedades muçulmanas. Mulher só pode dar para o marido, e depois de casar, é claro; se der antes de casar, ou para quem não é o legítimo esposo, é vagabunda, puta; ser cornudo é a pior coisa que pode acontecer a um homem – e, se acontecer a alguém a infelicidade de ter uma mulher que se revela vagabunda, puta, ele tem o direito, e até o dever, de vingar sua honra à bala.

Marcello Mastroianni faz Ferdinando Cefalù, siciliano de Agramonte, cidadezinha de “18 mil habitantes, 4.300 analfabetos, 1.700 desempregados”, como se diz na abertura. Os Cefalù são distinta, honrada e honrosa família de trocentos anos; estamos no início dos anos 1960, há foguetes rodopiando em torno da Terra, faz décadas a Itália não tem mais rei, mas o Cefalù pai, Don Gaetano (Odoardo Spadaro) e o Cefalù filho – ele, Ferdinando-Mastroianni – são barões.

Verdade que, além do título, as posses da família agora são pequenas. Don Gaetano esbanjou boa parte do que restava da fortuna familiar, a tal ponto que foi obrigado a – em troca de generosos empréstimos de dinheiro vivo – ceder ao cunhado Calogero (Ugo Torrente), seu antigo capataz, casado com sua irmã, metade do centenário e decadante palazzo da família. O que décadas antes era um imponente palazzo agora é a residência um tanto cortiçada de duas famílias, a de Don Gaetano e a de Calogero.

De O Leopardo de Lampedusa a quase O Cortiço de Aluízio Azevedo em algumas gerações.
A ação começa em um trem: Ferdinand Cefalù está voltando para casa, para sua cidade, depois de algum tempo fora. Mastroianni consegue, com brilho, criar um tipo bastante asqueroso: o cabelo é cheio de brilhantina, a cara é de enfado diante do mundo. Fuma um cigarro com uma grande cigarrilha, ostenta um bigodão mafioso. Parece enxergar o mundo de cima, rei na barriga.
Mas o texto que ele fala é brilhante. A voz de Mastroianni em off nos dá as informações básicas a respeito de sua cidade, de sua família. “As serenatas do Sul… As quentes, doces, enervantes noites da Sicília. Durante todo o tempo em que fiquei longe, as recordações dessas noites, ou melhor, de uma noite, haviam povoado minhas horas de remorso, de saudade…”

Dá-se que, alguns anos antes daquela volta do nosso anti-herói asqueroso à sua cidade, ele estava profundamente infeliz em seu casamento de 12 anos com Rosalia (Daniela Rocca, ótima, excelente). Rosalia é mostrada como uma mulher grudenta, querendo carinho e sexo sempre, e feia, desagradável, chata – uma gigantesca pentelha. Chama o marido de Fefê, e fala Fefê 20 vezes por minuto. Um horror.
E Fefê, o barão Ferdinando Cefalù, o tipo asqueroso, esse está apaixonado por Angela. Angela é filha de Calogero, o que mora na outra ala do palazzo, o casado com a irmã de Don Gaetano – prima, portanto, de Fefê.

Fefê, 12 anos de casamento infeliz, é apaixonado pela prima Angela, garotinha que nem 18 anos tem.
Mas como não ser apaixonado por Angela, se ela vem na pele de Stefania Sandrelli?
As coisas poderiam ser simples. Se as pessoas tivessem um pouquinho de juízo, de bom senso, Ferdinando se separaria de Rosalia, a pentelha, e casaria com Angela. Mas porém todavia contudo o fato é que na Itália de 1961 não havia divórcio, e, mesmo que houvesse, um casamento de primos primeiros seria inadmissível. E, além de tudo, se as coisas fossem simples, não haveria este filme. Talvez nem houvesse a Sicília.

Com uns 15, 20 minutos de narrativa, o barão Ferdinando Cefalù, o Fefê, começa a imaginar formas de matar sua mulher.
E de repente de me lembrei de outro filme que vi quando era um garoto, em uma anterior encadernação, Como Matar Sua Esposa, uma deliciosa comédia de Richard Quine com Jack Lemmon e outra belíssima atriz italiana, Virna Lisi. Gostaria de rever esse filme.
Pietro Germi encena quatro formas de Fefê matar sua esposa. Contar isso não chega propriamente a ser um spoiler, porque elas são mostradas aí quando o filme ainda não chegou a 30 minutos, 40, no máximo.

São deliciosas as quatro sequências da morte imaginada da esposa pentelha.
Mas a mais deliciosa de todas as sequências de Divórcio à Italiana acontece depois da metade da narrativa. Dizer que essa seqüência existe também não é spoiler, porque não revela nada da trama – e a trama é fascinante, e portanto não deve mesmo, de forma alguma, ser revelada.

 

Elenco: