ERA UMA VEZ O CINEMA


Fantasia (1940)

cover Fantasia

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País: USA, 125 minutos

Titulo Original: Fantasia

Diretor(s): James Algar, Samuel Armstrong, Ford Beebe Jr., Norman Ferguson, David Hand

Gênero(s): Animação, Família, Fantasia, Música

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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7.8/10 (83554 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

PRÊMIOS star star star star star

Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA

Prêmio Honorífico (Walt Disney)

Prêmio Honorífico (Leopold Stokowski )

Círculo dos Críticos de Cinema de Nova York, EUA

Prêmio Especial (Walt Disney)

Sinopse: Fantasia apresenta uma série de histórias distintas acompanhadas por grandes obras da música clássica, numa mistura bastante original e até mesmo ousada para a época (poucos anos antes, as pessoas sequer acreditavam que seria possível produzir um longa metragem de animação). Até por isso, “Fantasia” foi mal recebido pela crítica na época, mas acabou sendo merecidamente reconhecido com o passar dos anos, ainda que hoje, mais de 70 anos depois de seu lançamento, seu ritmo soe um pouco irregular.

Basicamente, a narrativa apresenta pequenas histórias animadas, separadas pelas intervenções da orquestra da Filadélfia, que toca as seguintes canções: “Toccata and Fugue in D Minor”, de Johann Sebastian Bach, “The Nutcracker Suite”, de Peter Llich Tchaikovsky, “The Sorcerer’s Apprentice”, de Paul Dukas, “Rite of Spring”, de Igor Stravinsky, “Symphony No. 6”, de Ludwing Van Beethoven (na história “The Pastoral Symphony”), “Dance of the Hours”, de Almicare Ponchielli, “A Night on Bald Mountain”, de Modest Mussorgsky e “Ave Maria”, de Franz Schubert.

Com seu festival de sons e cores, “Fantasia” é uma verdadeira festa para os sentidos. Desnecessário dizer que a qualidade das animações é excepcional, já que estamos falando de uma produção com o padrão Disney, assim como não precisamos reafirmar a qualidade das músicas que embalam cada seqüência. Ainda assim, o longa não é perfeito, pois as interrupções da orquestra, necessárias na época até para explicar à platéia o que estava acontecendo, claramente quebra o ritmo da narrativa.

Mas este pequeno deslize não tira o brilho deste grande filme, que corajosamente enfrentou o desafio de misturar animação e música clássica ainda nos anos 40, como fica evidente logo em seu início, quando as imagens da orquestra (com tonalidades fortes em vermelho, azul e amarelo) se transformam numa série de imagens abstratas sob o som da música “Toccata and Fugue in D Minor” de Sebastian Bach. Lentamente, saímos do concerto e passamos a viajar nos desenhos da turma de “Walt”, numa introdução correta, que funciona como apresentação do que veremos a seguir.

Já no segundo número, “The Nutcracker Suite” (música de Pyotr Ilyich Tchaikovsky), destacam-se a dança dos cogumelos, uma divertida alusão aos chineses, e a dança das flores, um verdadeiro deleite visual. Um pouco melhor que o número de abertura, “The Nutcracker Suite” atinge seu grande momento na valsa das folhas e termina preparando o espectador para os novos e empolgantes “curtas” que ele vai presenciar.

Daqui pra frente, cada seqüência é uma verdadeira jóia, com exceção da chata e burocrática apresentação da “trilha sonora”, que serve apenas para separar os quatro primeiros números dos últimos. Antes dela, temos ainda duas seqüências fascinantes. “Aprendiz de Feiticeiro” (“The Sorcerer’s Apprentice”, de Paul Dukas), o terceiro número do longa, apresenta Mickey Mouse num dos papéis mais famosos de sua longa jornada, deixando uma lição sobre os perigos da ambição e trazendo seqüências visuais de tirar o fôlego, como quando as vassouras invadem o local para jogar água ou quando Mickey sonha controlar tudo com o chapéu do feiticeiro.

O quadro seguinte é “Rite of Spring” (música de Igor Stravinsky), uma viagem deliciosa pela evolução da terra com imagens belíssimas, ousada tematicamente para um filme infantil (por mostrar a lei da vida sem maquiar a realidade), que apresenta animais se alimentando uns dos outros para sobreviver, como na aterrorizante chegada do T-Rex sob forte chuva (repare o visual sombrio da cena), em que ele mata outro dinossauro. O emblemático plano em que o sol queima as caveiras de dinossauros encerra a seqüência e simboliza o fim de uma era na Terra.

The Pastoral Symphony”, talvez o melhor número de “Fantasia”, que apresenta uma interessante história repleta de personagens da mitologia grega no Monte Olimpo sob o som da “Symphony No. 6”, de Beethoven. Aqui, novamente a ousadia temática aparece durante o “sensual” namoro dos centauros, seguida pela festa do vinho e pelo castigo de Zeus.

Os raios que castigam aqueles “pecadores”, simbolizados pelos meninos com chifres que enchem os tanques de vinho, são seguidos por uma forte tempestade, mas a calmaria chega, o arco-íris aparece e a noite recai sobre todos, num número marcante e inesquecível. Vale observar alguns detalhes, como a cor azul dos centauros solitários, que ilustra a tristeza que eles sentiam, e o local onde eles se encontram após a “ajuda” dos anjos (uma referencia ao “Templo do Amor”, em Versalhes), além do coração que fecha a seqüência com toques de romantismo. Repare ainda como durante a chuva, o visual sombrio é reforçado pela parte tensa da música de Beethoven enquanto Zeus castiga a todos com raios.

Chegamos então ao penúltimo número do longa. “Dance of the Hours”, com música de Amilcare Ponchielli, é claramente inferior aos dois anteriores, mas não chega a decepcionar. Vale notar como a cor e até mesmo os animais escolhidos remetem à passagem do dia, iniciando com o inofensivo Avestruz branco, passando pelos hipopótamos marrons, pelos elefantes mais escuros e fechando com os temíveis jacarés.

E finalmente, o último número, acompanhado pelas músicas “A Night on Bald Mountain”, de Modest Mussorgsky, e “Ave Maria”, de Franz Schubert, comprova toda a ousadia de Walt Disney, tanto na escolha do projeto quando nos temas abordados, mostrando o confronto entre o demônio e seus seguidores e a igreja. O demônio, aliás, ainda hoje é aterrorizante, com um visual imponente e um olhar penetrante, mas ainda assim cai diante dos sinos que anunciam a chegada dos “religiosos” e nos levam ao final de toda esta bela viagem chamada “Fantasia”.

 

Elenco: