ERA UMA VEZ O CINEMA


Morte em Veneza (1971)

cover Morte em Veneza

link to Morte em Veneza on IMDb

País: Itália, 130 minutos

Título Original: Morte a Venezia

Diretor(s): Luchino Visconti

Gênero(s): Drama

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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7.4/10 (17055 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

PRÊMIOS star star star star star

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Direção de Arte (Ferdinando Scarfiotti)

Prêmio de Melhor Trilha Sonora (Vittorio Trentino, Giuseppe Muratori)

Prêmio de Melhor Figurino (Piero Tosi )

Prêmio de Melhor Fotografia (Pasqualino De Santis)

Festival Internacional de Cannes, França

Prêmio do 25º Aniversário (Luchino Visconti)

Prêmios Bodil - Copenhague, Dinamarca

Bodil de Melhor Filme Europeu (Luchino Visconti)

Prêmios David di Donatello, Itália

David de Melhor Direção (Luchino Visconti)

Sindicato Francês dos Críticos de Cinema, França

Prêmio de Melhor Filme Estrangeiro (Luchino Visconti)

Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália

Prêmio Fita de Prata de Melhor Diretor de Filme Italiano (Luchino Visconti)

Prêmio Fita de Prata de Melhor Fotografia (Pasqualino De Santis)

Prêmio Fita de Prata de Melhor Figurino (Piero Tosi)

Prêmio Fita de Prata de Melhor Design de Produção (Ferdinando Scarfiotti)

Prêmio Fita de Prata de Melhor Atriz Coadjuvante (Silvana Mangano)

Prêmios Sant Jordi de Barcelona

Prêmio de Melhor Filme Estrangeiro (Luchino Visconti)

Prêmios Globo D'Oro, Itália

Globo d'Oro de Melhor Filme (Luchino Visconti)

Sinopse: O protagonista de Morte em Veneza é um artista e, como tal, não poderia querer diferente. Gustav von Aschenbach (Dirk Bogarde) encontra-se num dilema pessoal, confrontando sua arte e seus desejos mais profundos, à medida que tenta preservar sua integridade física e moral. Músico de sucesso, respeitado aonde quer que fosse, Aschenbach toma um tempo de descanso e decide se instalar em Veneza.

A ideia de revigorar-se vai por água abaixo quando, no hotel em que está hospedado, se depara com a forma viva mais bela em sua plenitude: um jovem polaco que está de férias com a família. A partir daí, ele encarcera dentro de si um sentimento que antes só experimentara em seu ofício: o desejo pela perfeição.

Transposição da obra célebre de Thomas Mann para o cinema, Morte em Veneza teve muito a ganhar com a abordagem narrativa e estética de Luchino Visconti. Com um texto complexo e cheio de nuances, o cineasta entrega um filme cujo enredo é simples, mas que é forte o suficiente para segurar o espectador e satisfazê-lo.

A Veneza de Visconti não é romantizada, como se esperaria. Ele não opta por mostrar tomadas de coberturas com belos planos gerais das águas típicas da cidade, que todos os anos atraem milhares de turistas apaixonados. Ainda que tenha oportunidade como, por exemplo, quando Aschenbach resolve partir e passa pelos canais, nós assistimos um longo plano fechado no rosto martirizado do personagem, enquanto sentimos o balanço da balsa pelas águas.

Ao longo de todo o filme, a câmera de Visconti passeia pelos grandes cenários da produção, seja pelos espaços suntuosos do hotel, onde o protagonista vê pela primeira vez o jovem, ou pelas areias da praia onde ele passa boa parte do tempo. A câmera observadora para em cada grupo de “figurantes” dispostos pelo espaço, sendo até possível compreender o que eles estão falando, fortificando a ideia de que o personagem é um tanto observador.

É numa dessas passeadas que Aschenbach se depara com o garoto Tadzio (Björn Andresen) e, desde então, não desgruda mais os olhos dele. Durante toda a projeção, seu olhar está sempre voltado para aquele objeto de amor platônico e para tudo que está ao redor dele. É interessante notar, aqui, como a ideia da homossexualidade permeia todo o filme, mas nunca se faz importante. A aparência andrógena do ator Björn Andrésen torna isso mais evidente. A atração de Aschenbach pelo jovem fica no campo da idealização, da perfeição, quase como um endeusamento de uma escultura de Michelangelo.

A busca pela perfeição não é só uma alcunha para a beleza do garoto, está relacionada também à perfeição ideológica que Aschenbach aspira para si mesmo, a qual ele sempre desejou e colocou como base em sua vida. Sua rigidez moral sempre caminhara lado a lado com seu comportamento, e ali não seria diferente. Num dos flashbacks em que o vemos discutindo arduamente com o amigo questões ligadas à filosofia e à arte, Aschenbach escuta algo que não pode negar: “Quer que seu comportamento seja tão perfeito quanto sua música”.

Esses flashbacks, aliás, fazem um válido panorama do que levou o protagonista até aquele hotel praieiro em Veneza. Eles nos aproximam do personagem — funcionando mais que os excessos de zoom —, nos fazendo entender os porquês do comportamento daquele homem de meia-idade.

A atuação segura e intensa de Dirk Bogarde é fundamental para compor o complexo personagem e seus conflitos internos e, junto com a trilha sonora de Gustav Mahler, repleta de virtuosismo, somos transportados para todo esse momento angustiante da vida de um homem.

Ao passo que o filme vai chegando ao fim, encaramos um Aschenbach cada vez mais decadente em si mesmo. Nada evoluiu na não-relação entre ele e Tadzio; eles sequer trocam uma palavra. Aschenbach tem ataques de fúria, corre atrás de cuidar da aparência, se preocupa com o bem-estar do garoto num rompante de alucinação, definha completamente sobre as águas venezianas.

Morte em Veneza acaba por levar a refletir sobre o artista como pessoa. Aqui, a busca pela perfeição parece nunca acabar, mesmo quando ele desiste da procura; o poder é imponderável demais para ceder.

 

Elenco: