ERA UMA VEZ O CINEMA


Os Intocáveis (1987)

cover Os Intocáveis

link to Os Intocáveis on IMDb

País: USA, 119 minutos

Titulo Original: The Untouchables

Diretor(s): Brian De Palma

Gênero(s): Crime, Drama, Suspense

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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7.9/10 (271586 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

PRÊMIOS star star star star star

Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, EUA

Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Sean Connery)

Prêmios Globo de Ouro, EUA

Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante (Sean Connery)

Academia Britânica de Cinema e Televisão, Inglaterra

Prêmio de Melhor Trilha Sonora (Ennio Morricone )

Prêmios Blue Ribbon

Blue Ribbon de Melhor Filme Estrangeiro (Brian De Palma)

Prêmios Grammy, EUA

Grammy de Melhor Album da Trilha Sonora de um Filme (Ennio Morricone )

Sindicato dos Jornalistas Críticos de Cinema, Itália

Prêmio Fita de Prata de Melhor Trilha Sonora (Ennio Morricone )

Círculo dos Críticos de Cinema de Kansas City, USA

Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante (Sean Connery)

Círculo de Críticos de Cinema de Londres, Inglaterra

Prêmio Ator do Ano (Sean Connery)

Sinopse: A perfeição em “Os Intocáveis” começa já na abertura, quando a trilha de Ennio Morricone estoura na tela feito uma saraivada de balas. Nos créditos, você vê uma verdadeira seleção mundial de profissionais da indústria cinematográfica e muitos dos meus heróis particulares: Kevin Costner em início de carreira, Sean Connery roubando o filme, Robert De Niro interpretando um poderoso chefão que existiu de verdade, Brian De Palma esbanjando tudo que aprendeu com Hitchcock, Ennio Morricone provando porque é o maior maestro do cinema e ainda David Mamet como roteirista e Giorgio Armani como figurinista, quase um excesso de ostentação.

1987 foi um ano de ótimos policiais como “Máquina Mortífera” (presente), “RoboCop” (futuro) e o próprio “Os Intocáveis” (passado), todos considerados bem violentos, cada um representando a visão da lei em uma época diferente, com valores distintos do que pode ser considerado um “mocinho”. “Os Intocáveis” se diferenciava por ser levemente baseado em fatos verídicos e por mostrar um herói menos cínico, com um caráter indiscutível, um idealista de rígidos códigos morais, ou seja, um herói das antigas. Eliot Ness (Kevin Costner) é o agente do tesouro incorruptível que deve capturar o maior gângster vivo, Al Capone (De Niro), praticamente uma missão suicida. Uma abordagem clássica muito diferente, por exemplo, da série “Boardwalk Empire”, que focou mais nos gângsters da geração de Capone e tratava Ness como um simples burocrata fazendo seu trabalho, muito provavelmente mais próximo da realidade.

“Os Intocáveis” não, o filme é maniqueísta até a medula. Ness é o ícone do bem e Capone é a personificação do mal . O que Ness aprende em sua jornada é que, para se vencer o demônio, você deve jogar de acordo com as regras dele. O letreiro inicial avisa quem manda: “Chicago, 1930, essa é a época dos poderosos chefões. Essa é a época de Al Capone.” Com a câmera no teto apontada para baixo, De Palma nos apresenta o vilão deitado com um pano no rosto. Ele parece morto, mas na verdade está fazendo as unhas e a barba enquanto dá entrevistas. O poder da mídia é destaque no filme todo e logo percebemos que os jornalistas estão mais para o lado da máfia do que para o lado da lei. Ali é onde está a audiência, a graça, o dinheiro, o poder, e você sabe, as pessoas más se divertem muito mais. A apresentação de Capone dá espaço para a cena da garotinha no bar. Rapidamente, ela e o bar vão pelos ares. A primeira lição foi dada: Capone é um bandido cruel que não poupa nem criancinhas inocentes. Em sua casa perfeita, ao lado de sua prendada esposa (Patricia Clarkson), Ness sente o golpe. Todos os lados do conflito foram apresentados: Capone contra Ness, Ness contra Capone e a população indefesa no meio do tiroteio.

Quando vemos o rosto de Eliot Ness pela primeira vez, ele já está sendo apresentado à imprensa como o paladino que vai defender a Lei Seca e acabar com a máfia em Chicago. Sua primeira noite de ação acaba mal e, voltando para casa derrotado, ele conhece Jim Malone (Sean Connery), um guarda que o repreende por jogar papel na rua. Um homem correto que não cresceu na carreira por recusar propina, o professor que vai transformar Ness de novato promissor em policial de verdade. Os dois recrutam o italiano bom de mira George Stone (Andy Garcia) e o contador Oscar Wallace (Charles Martin Smith), peça importante na estratégia de capturar Capone a qualquer custo, mesmo que seja por sonegação fiscal — grande piada da justiça mundial, um dos maiores criminosos do século XX foi realmente preso pelo fisco.

O bem e o mal alternam forças ao longo de “Os Intocáveis”. Então Capone acorda feliz em seu luxuoso hotel enquanto Ness é motivo de piada na corporação. Enquanto Capone executa um traidor com um taco de beisebol durante o jantar, Ness coloca a filha para dormir, com direito ao mais do que cafona “beijo do esquimó”. De Palma segue alternando sequências de puro ódio com outras de extrema ternura. Se a “cena da batida na ponte canadense” é uma vitória retumbante dos mocinhos, em breve Wallace será executado no elevador da delegacia e Malone será metralhado numa cena angustiante com aqueles planos-sequência que De Palma domina. A morte de Malone é o momento mais hitchcockiano de “Os Intocáveis”, quando ele coloca a câmera em primeira pessoa, no ponto de vista do assassino, e termina com Capone na ópera, recebendo a notícia ao som de “Ridi, Pagliaccio”. Robert De Niro alterna lágrimas e risos enquanto Sean Connery rasteja ensangüentado no chão de casa. Só Al Capone foi capaz de matar James Bond.

Ness e Stone ainda estão vivos e têm a informação da chegada do contador-chefe à estação de trem, o que nos leva à clássica “cena da escadaria”. Trata-se da famosa homenagem de De Palma a um marco do cinema, “O Encouraçado Potemkin” e a sua sequência mais famosa, a da escadaria de Odessa, quando uma mãe desesperada perde o controle do carrinho de bebê em meio à guerra. O filme do soviético Sergei Eisenstein, obrigatório em qualquer aula de cinema, inventou todas as regras conhecidas de edição: cortes, ritmo, divisão do tempo em frações. A cena de “Os Intocáveis” vai além da mera citação do carrinho de bebê na escada. Temos lá Eliot Ness, George Stone, gângsters armados até os dentes, um contador que não pode morrer, pessoas inocentes passando pelo local, marinheiros que aparecem apenas para levar chumbo e compor a grande homenagem a “Potemkin” e, enfim, uma mãe que só quer subir a escadaria com seu bebê no carrinho. O caos completo. De Palma pega aquelas regras de manual do cinema, mistura com tudo que aprendeu após anos e anos imitando o Hitchcock, abusa do virtuosismo técnico e cria sua própria aula para a posteridade. É tudo lindo demais.

Elenco: