ERA UMA VEZ O CINEMA


Persona - Quando Duas Mulheres Pecam (1966)

cover Persona - Quando Duas Mulheres Pecam

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País: Suécia, 83 minutos

Título Original: Persona

Diretor(s): Ingmar Bergman

Gênero(s): Suspense, Drama

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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8.1/10 (90126 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

PRÊMIOS star star star star star

Prêmios Guldbagge, Suécia

Prêmio de Melhor Filme

Prêmio de Melhor Atriz (Bibi Andersson)

Sociedade Nacional dos Críticos de Cinema dos Estados Unidos

Prêmio de Melhor Filme

Prêmio de Melhor Diretor (Ingmar Bergman)

Prêmio de Melhor Atriz (Bibi Andersson)

Sinopse: Persona é o primeiro filme da longeva parceria entre Bergman e Liv Ullmann (Elisabeth Vogler). Já Bibi Andersson era uma figurinha carimbada desde os anos 50. A atuação de ambas é notável. A direção de fotografia é assinada pelo competente Sven Nykvist, que aqui alterna muitas vezes planos superexpostos e subexpostos.

Em outras cenas, utiliza ainda iluminação com altos contrastes entre preto e branco. Impossível deixar de contemplar as imagens quando Nykvist assina qualquer dos trabalhos de Bergman, que aliás, conta sempre com um time de primeira para realizar suas produções. Não à toa, a competência se perpetua por sua excelente carreira, estando este filme aqui entre os seus mais aclamados trabalhos.

No princípio temos o dispositivo do cinema, a película em seu movimento mecânico para virar filme. Logo depois, um menino tateia dois rostos femininos que se confundem por conta do desfoque. Esse garoto pode bem nos simbolizar, a nós, espectadores de Persona: Quando Duas Mulheres Pecam (1966), que igualmente tateamos as personagens em busca de respostas, por mais que suspeitemos da impossibilidade de obtê-las plenamente.

Após uma temporada interpretando Electra (da peça de Sófocles), a famosa atriz Elisabeth Vogler (Liv Ullmann) simplesmente para de falar, permanecendo prostrada numa cama, sem qualquer sinal de abalo físico ou mental que justifique a paralisia. Alma (Bibi Andersson) é designada como sua cuidadora, primeiro no hospital, depois numa casa à beira mar.

O silêncio de Elisabeth parece convidar a fala de Alma a impor-se. Os monólogos da enfermeira, inicialmente parte do tratamento, pois tentativa de fazer sua companhia voltar a interagir, logo ganham intimidade. Histórias do passado vêm à tona enquanto a convivência das duas é acrescida de complexidade.

A força da palavra emerge com violência definitiva no relato de Alma sobre um episódio do passado, em que, acompanhada de uma quase desconhecida, tomou banho de sol completamente nua na praia e transou com garotos que antes as observavam de longe. Difícil encontrar no cinema uma passagem tão erótica, ainda mais se pensarmos que nela a excitação é alimentada apenas verbalmente. A partir dali se cria um vínculo de profundidade inequívoca, por meio do qual os papeis inclusive se confundem lá pelas tantas.

Ingmar Bergman constrói Persona: Quando Duas Mulheres Pecam numa chave narrativa que afasta a possibilidade de interpretações absolutamente literais do que vemos ou ouvimos, embora em determinados segmentos haja a falsa sensação de estarmos num terreno confortável, onde as imagens e as palavras se oferecem a nós em seus sentidos mais evidentes.

Elisabeth, até então apenas uma atriz que de repente entrou em estado brando de catatonia, vira um enigma crescente em seu ruidoso silencio. Alma, por sua vez, ao sentir-se traída pela indiscrição da figura que tomou como materna, assume traços de Electra, despejando contra essa “mãe” uma ira alimentada por frustrações e angústias. Duas mulheres isoladas na vastidão de uma ilha, cujos rostos unidos num só (em cena emblemática) conotam ao mesmo tempo atração e repulsa.

Não bastasse a inflexão no relacionamento das protagonistas de Persona: Quando Duas Mulheres Pecam, Bergman radicaliza ainda mais essa dinâmica entre Alma e Elisabeth, gradativamente embaralhando mesmo a percepção de quem elas são, ora fundindo-as numa mesma, ora colocando em xeque a sanidade de uma e as ações da outra.

Os closes, cada vez mais rígidos, transferem aos rostos de Liv Ullmann e Bibi Andersson a carga expressiva do filme. É nesses espaços delimitados pelo enquadramento radical que tanto representa o ideário de Bergman, feito de investigações intimas e existencialistas, que realmente se desenrola Persona: Quando Duas Mulheres Pecam. Não é à busca de respostas que ficamos presos, mas a um fluxo narrativo feito da retórica bergmaniana sobre a condição humana, no caso, a condição feminina, universo que o sueco tão bem explorou ao longo de sua carreira.

 

Elenco: