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ERA UMA VEZ O CINEMA


Providence (1977)

cover Providence

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País: Suíça, 104 minutos

Titulo Original: Providence

Diretor(s): Alain Resnais

Gênero(s): Drama

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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7.7/10 (2807 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

PRÊMIOS star star star star star

César de Melhor Filme

1978 · Alain Resnais

New York Film Critics Circle Award de Melhor Ator

1977 · John Gielgud

César de Melhor Diretor

1978 · Alain Resnais

César de Melhor Música Original

1978 · Miklós Rózsa

César de Melhor Roteiro Original ou Adaptação

1978 · David Mercer

César de Melhor Som

1978 · Jacques Maumont, René Magnol

César de Melhor Direção de Arte

1978 · Jacques Saulnier

César de Melhor Montagem

1978 · Albert Jurgenson

Prêmio Bodil - Melhor Filme Não-Americano

1978 · Alain Resnais

Sinopse:Mas o que nos conta e nos mostra Providence? Os primeiros planos encaminham-nos para Providence – passa-se tudo dentro daqueles portões – e, saberemos depois, para a mente divagante de Clive Langham. “Damn, damn, damn… damn!”. Entre sonho, realidade, bebedeira e dores lancinantes, assistimos ao “pequeno teatro” de Langham, povoado de culpas, monstruosidades, distorções, vaidade, auto-aversão e teimosia. Os actores são a família. Que seja tudo apresentado de forma não-linear, tanto melhor, porque como se filma o sonho? Assim: Providence… As árvores e as sombras, os troncos e os fachos de luz, o candeeiro e as traseiras que dão para o recanto sujo e pestilento de Clive Langham e para os recantos sujos e pestilentos da sua consciência. Está a escrever o último livro.

Quem irá ele estripar desta vez? O vinho que está em todo o lado, tanto nas mesas e nas cozinhas, nos quartos de hotel e nas varandas, como por baixo dos lençóis de Langham a empestar o quarto, no chão ou sabe-se lá onde mais. Sempre a acabar, o vinho, e não se torna melhor nem mais fácil ter que inventar aquele mundo ou domar aqueles monstros. E as dores continuam e os prédios desabam, as escadas inventam-se sozinhas, os décors transformam-se e as palavras não querem vir das pessoas certas; elas não querem cooperar, os monstros cospem insultos venenosos que fazem tudo doer mais e mais, ainda. Langham, Langham…

Abre-se o julgamento de Clive Langham. Levante-se o réu. “I was confused (As indeed we all are in this court today) But it wasn’t murder (But you did shoot him?) Yes (And you seriously plead that this was an act of mercy?) Yes (Whereas in the eyes of the lord it was plain homicide) I was confused (As indeed we all are…)”. Ecos e repetições. O retrato na mesa de cabeceira. A mulher, Molly. “Don’t take Molly!”, grita Langham. Fantasmas, dores e atmosferas de Poe e não só Lovecraft. “Ulalume, Ulalume”. As palavras e as perdas terríveis, as impronunciáveis: Guernica, Hiroshima, Muriel, Molly, Providence. “Tu n’as rien vu”… “Vous n’avez encore rien vu”… 

Que é da Divina Providência ter que sofrer assim? O providente Langham não provê o bastante para aguentar com os resígnios da Providência. “I think people should be allowed to die the way they choose”. A banheira de sangue, o remorso, as “pains up the ass”. Quando se trabalhou tanto para fazer da vida um sonho, os sonhos deixaram de ter vida e fede tudo a morte, vinho e doença. Providence. Fez-se de tudo um jogo, brincou-se demais. Quem ganhou e quem perdeu? “Point for father… point for father”, diz Langham, o déspota. Congeminou-se tanto e a aurora está a chegar. A luz rebenta pelas paredes e pelo mundo do sonho, fazendo-o abrir os olhos. Luz de mais, luz a mais. Molly, Helen, Claude, Sonia e Kevin já mal se vêem… Abrir os olhos é perder a visão e o acesso àquele mundo. Langham transforma-se…

Os cães e os prados verdes de Providence. A luz é já a do meio-dia, o trabalho sujo foi já todo feito e Langham está limpo e esquecido dos terrores da noite passada. Vai receber os filhos e a nora no dia do seu aniversário. 78 anos. “Seventy-eight fucking years, today. Molly would have seventy-one”. Os últimos flashes para resolver a equação. O cadáver do passado e o cadáver do porvir. As últimas peças do puzzle. De chapéu, recebe vinho dos criados e tudo é onírico, dos cães felizes a abanarem as caudas aos pios e chilreios dos pássaros. A casa com fachada de musgo ou ervas-daninhas. Um sol abrasador.

Deve ser Julho ou Agosto. Claude e Sonia são os primeiros a chegar, beijos na cara e na testa, ela oferece-lhe uma faca que pertenceu a Hemingway e, ele, um livro. Chega Kevin, o “filho bastardo preferido”, como Langham lhe chama, com um telescópio para o pai. Claude e Kevin estão agora a brincar com os cães e Langham diz a Sonia que nunca percebeu o filho mais velho, porque nunca teve vícios detectáveis. “I’m his detectible vice”, responde-lhe ela. Langham sente-o a olhar e diz que disso sempre se lembrou. Dos olhares reprovadores do filho. Sempre sentiu que o achava culpado do suicídio da mãe. Em conversa com o pai, antes do almoço, Claude diz-lhe que nunca o culpou pela morte da mãe. Não é o fim do assunto, com certeza. À mesa fala-se de política e conduta, a câmara vagueia pelos prados, no único vislumbre que nos é dado da imensidão de Providence. O velho despede-se dos filhos… “No kissing, no touching”. Olham todos para trás. Pode ser a última vez…

Elenco: