Solaris (1971)
País: Rússia, 167 minutos
Título Original: Solyaris
Diretor(s): Andrei Tarkovsky
Gênero(s): Drama, Sci-Fi, Mistério
Legendas: Português,Inglês, Espanhol
Tipo de Mídia: Cópia Digital
Tela: 16:9 Widescreen
Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080
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PRÊMIOS
Festival de Cannes
Grand Prix: 1972
Prêmio FIPRESCI: 1972
Sinopse: A história é magnífica: um psiquiatra é enviado ao espaço para tentar entender o comportamento dos astronautas (um deles havia cometido suicídio) quando se aproximam de um planeta recém-descoberto, Solaris. O estranho mar do corpo celeste teria um certo tipo de inteligência capaz de recriar a memória dos humanos, de forma que o médico tem a chance de rever sua mulher morta anos antes. Solaris, o filme, é baseado no best-seller homônimo de Stanislaw Lem, autor de ficção científica russo. É baixa literatura, mal escrita e sem força – ler o livro é uma grande decepção, apesar do grande achado da estória. Existem mil maneiras de se analisar o filme, tamanha a sua riqueza, e a obra de Tarkovsky foi esmiuçada por intelectuais da academia, que mobilizaram seus livros, pensadores e todo o aparato intelectual disponível para tentar decifrar as enigmáticas imagens.
O resultado é que Tarkovsky hoje, em vez de mais acessível, tornou-se ainda mais impenetrável do que já era. Não se intimide, pois, o espectador, ante a esfinge cinematográfica do cineasta russo. Ver seus filmes pode ser sim uma atitude prazeirosa, desde que se aceite o jogo proposto, o que não é fácil. O início do filme é um interminável travelling pela casa de campo à beira do lago onde morava o psiquiatra, visivelmente atormentado pela morte da esposa e engolfado na solidão. As imagens tentam mostrar essa situação angustiante com belas imagens submarinas explodindo em detalhes no enorme cinemascope colorido do diretor. Essa abertura dá todo o tom do filme, lento, angustiante, muito belo, indecifrável.
Na ida para a estação espacial, Tarkovsky filma o carro andando pelas ruas e túneis de Moscou. A cena dura vários minutos e é um carro andando em direção ao aeroporto. Tarkovsky mistura imagens preto-e-branco e coloridas de uma forma um tanto gratuita, que chega a incomodar um pouco, inserindo longos vídeos, de gente que sofreu a experiência de Solaris, contando como é ver uma memória reaparecer na sua frente. O filme sem dúvida dá um salto quando, uma vez sob o efeito do mar de Solaris, a mulher do psiquiatra aparece, primeiro de soslaio, depois de viva voz, e o psiquiatra a mata – ele vai matá-la outra duas vezes – e ela volta. Mas ela não voltará para sempre: depois de fazer uma encefalografia, nenhuma memória volta. Ou talvez, pelo fato de ter sido a terceira volta da mulher: após cada morte, o mar vai perdendo sua força, os mortos-memória voltam enfraquecidos, até que desaparecem, para desespero dos tripulantes.
Uma das mais belas cenas é quando o psiquiatra mata a esposa depois de uma briga congelando-a com oxigênio líquido, só para vê-la ressuscitar. É quando ficamos sabendo da razão da morte dela, o suicídio. Uma vez de volta, a esposa o acusa de ter sido distante e mesquinho, de ter esfriado a relação dos dois e de competir com ela em tudo. Não se sabe se seria ela falando ou o psiquiatra remoendo seus remorsos.
É quando Tarkovsky nos dá a belíssima cena do jantar romântico, com todos os móveis e recordações do psiquiatra (incluindo um cachorro que ele teve na infância) voando sem gravidade pela sala, inclusive ela, que ele carrega nos braços e coloca no lustre. Vestidos de terno e gravata para o jantar, comendo boa comida e bebendo bons vinhos (no espaço sideral!), os astronautas discutem filosofia e os limites da ciência, a fugacidade da vida e principalmente a tristeza de quando suas memórias-vivas, já sem a força do mar de Solaris, se despedem e vão embora. O psiquiatra se despedirá de sua mulher em grande estilo.
Elenco: