ERA UMA VEZ O CINEMA


A Palavra (1955)

cover A Palavra

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País: Dinamarca, 126 minutos

Título Original: Ordet

Diretor(s): Carl Theodor Dreyer

Gênero(s): Drama, Fantasia

Legendas: Português,Inglês, Espanhol

Tipo de Mídia: Cópia Digital

Tela: 16:9 Widescreen

Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080

Avaliação (IMDb):
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8.4/10 (12562 votos)

DOWNLOAD DO FILME E LEGENDA

PRÊMIOS star star star star star

Leão de Ouro

1955 · Carl Theodor Dreyer

Prêmio Bodil - Melhor Filme Dinamarquês

1955 · Carl Theodor Dreyer

Prêmio Globo de Ouro

1956 Melhor Filme Estrangeiro

Prêmio Bodil - Melhor Atriz

1955 · Birgitte Federspiel

Prêmio Bodil - Melhor Ator

1955 · Emil Hass Christensen

Sinopse: Os elogios, quando existem, são extremos. André Bazin, diretor da Cahiers du Cinéma, disse que, depois de A Palavra, o cinema poderia se render a cor, pois o que era para ser feito em preto-e-branco Dreyer o fez nesse filme. François Truffaut, ainda crítico na mesma revista, antes de ser tornar cineasta, tentou entender como o diretor conseguiu o tom leitoso de branco em A Palavra e sua beleza fantasmagórica, que casava com perfeição com a história do filme, praticamente um ensaio metafísico sobre religião, crença, estar no mundo e aceitação da natureza humana.

A história é simples. Um fazendeiro viúvo, religioso, tem três filhos. O mais velho é ateu. O mais novo quer se casar com a filha do alfaiate, mas ela é de outra religião e o pai dela não permite. O do meio, para não fugir da sina de rebelde, foi estudar para ser padre, mas, remoído de dúvidas, é acometido de um transe teosófico e pensa que é Jesus Cristo. A aparente loucura do filho é motivo de incômodo para toda a família, que se desmorona quando a mulher do filho mais velho, Ingrid, morre ao tentar dar a luz ao filho. É quando o louco, pensando ter os poderes de Cristo, tenta ressuscitá-la.

Dreyer era religioso fervoroso e adaptou uma peça do padre Kaj Munk, assassinado pelos nazistas - parte da crítica impôs a Dreyer o estigma de cineasta a serviço do protestantismo. Obcecado com detalhes, foi à loja de roupas com a atriz Birgitte Federspiel para comprar as meias que ela usaria em cena. Não permitia que seus atores se movimentassem em cena nunca mais do essencialmente necessário – e isso poderia significar apenas uma leve inclinação na cabeça durante vários minutos. Esse zelo irascível é considerado o maior responsável por seu fracasso no cinema (vivia das rendas de um teatro público que dirigia) e, claro, sua marca indelével como diretor.

A Palavra é uma epifania e, para quem conseguir entrar no ritmo do cineasta, um dos grandes filmes do cinema. Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza de 1955, foi considerado, à época, ultrapassado, pois, segundo os jornalistas que cobriram o evento, ele tinha uma estética que remetia ao cinema mudo. Sem dúvida, Dreyer com seus planos miraculosos, lembra os quadros maneiristas e o jogo de sombra e luz de Rembrandt e Velásquez em sua composição, de perfeição formal fora do comum, dos melhores diretores da fase áurea da década de 20, como Murnau e Fritz Lang.

Mas não há motivo para se ter medo de Carl Dreyer. Seu cinema não é tão terrível assim. Apesar de lento, tem senso de narrativa. O diretor não cede a nenhum apelo dramático (não usa música para reforçar as cenas) e nunca acelera a trama, nem nos momentos mais angustiantes. Os diálogos, tensos e densos, são também bonitos e sensíveis. Seus atores declamam o texto impassíveis, o que causa distanciamento com o público, é verdade, mas permite uma profunda identificação com os temas propostos sem tomar para si nenhum ponto de vista.

De qualquer forma, há pelo menos um grande motivo para ver esse filme: tem uma das mais belas fotografias da história do cinema. Há também a cena do pai procurando o filho louco pelas belas planícies dinamarquesas. Ou a cena do alfaiate chegando com a filha ao funeral. Todas de uma beleza, não só plástica, mas também sensorial, que faz de Ordet um momento único e inesquecível.

 

Elenco: